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PERSPECTIVAS DA COMUNICAÇÃO PARA ENVOLVER PESSOAS COM A NATUREZA

7 de abril de 2022
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Por Ana Celina Tiburcio

Você já reparou que a busca por soluções práticas para aqui e agora para as demandas socioambientais e ecológicas que vivemos nesses tempos, e que primam resultados palpáveis incluindo o dinheiro, acabam deixando as pessoas sempre para depois?  

Sim, precisamos de ciência, de tecnologia, de governança pública e privada eficaz – que estejam em acordo com as necessidades da qualidade de vida da sociedade e do Planeta principalmente. Em “Planeta”, leia-se: um sistema complexo que regula a Vida – em todas as suas formas, inclusive a humana!

E O QUE ISSO TEM A VER COM A COMUNICAÇÃO 
                      E A RELAÇÃO DAS PESSOAS COM A NATUREZA?

A comunicação é ampla – se apropria de dezenas de conceituações possibilitadas em múltiplas facetas endereçadas, por exemplo, na comunicação social – como as relações públicas, publicidade e propaganda, jornalismo, marketing, design, cinema e audiovisual, rádio e TV, internet e estudos da mídia.

Outras possibilidades afins para comunicar estão na educação, arte e fotografia, bem como na educomunicação e processos de facilitação que se apropriam também da comunicação para acontecerem e se desdobrarem.

Temos, então, um cardápio para estratégias de comunicação. E o que nos leva a entender que podemos criar “facilmente” soluções para promover uma nova relação entre as pessoas e a natureza. Certo?

Criar, transformar e otimizar os fluxos de comunicação entre uma determinada situação/ organização 
e seus públicos é a base de qualquer comunicação.

Os canais são e estão mais versáteis e plurais do que nunca, 
e a criação de produtos de comunicação também são os mais diversos e de maior facilidade de produção.

Elaborar estratégias de comunicação de qualidade é algo palpável, a questão é: como garantir interesses para cuidar dos genuínos processos que a boa e velha comunicação tem por natureza para alcançar resultados que evidenciem uma nova relação entre pessoas e natureza? Mas, será somente este o desafio?

As estratégias de comunicação ambiental – ou socioambiental, ainda que com boas intenções, muitas vezes engrossam o paradigma vigente – antropocêntrico.

E como a comunicação socioambiental pode ser ponte na construção de uma postura – desde profissionais até seus públicos – que não seja uma ferramenta para resolver problemas, mas um palco para a construção coletiva?

Exercer um papel estratégico de criação de uma nova relação entre as pessoas e a natureza tem atenção nos objetivos transversais e nos processos de criação de um plano/ produto de comunicação – que influenciam a projeção da comunicação – que visa impactar nossa cultura/ modo de viver.

Ainda, é importante ter em mente que a construção da narrativa amplie o olhar da perspectiva de conservar a natureza por benefício próprio (uma visão predominantemente ocidental), e apenas uma perspectiva. E o que esbarra na construção de um novo paradigma – forma de pensar – e que se choca com a lógica do sistema vigente e encontra eco na cultura de outros povos – com outras racionalidades e sensibilidades em compreender o ambiente a partir de outra relação e com outra complexidade – a exemplo do movimento “bem viver” na América Latina.

Mas, aqui mesmo no Brasil temos o pensador e escritor Ailton Krenak que afirma: “temos que parar de nos desenvolver e começar a nos envolver”. Objetivo e certeiro, Krenak traz para a ação a máxima de que somos parte da teia de relações da Terra e também co-dependentes destas relações.

CRITÉRIOS ESTRATÉGICOS NA TRANSFORMAÇÃO 
                      DA RELAÇÃO DAS PESSOAS COM A NATUREZA

Para tanto, alguns critérios estratégicos no papel da comunicação que visam transformar a relação das pessoas com a natureza passam por abordagens e métodos participativos, de ações coletivas, estratégias orientadas para a ação, mas também para a reflexão e o pensamento. Não se tratando simplesmente de ter um cardápio de meios e canais à disposição.

Ainda, abordagem cultural diante do cotidiano inserido, protagonizar indivíduos e comunidades para autonomia de decisões e ações para novos hábitos e atitudes, diálogo constante, conhecimento compartilhado, e entre outras formas que convirjam para a criação e fortalecimento de uma cultura participativa (em rede) e produção compartilhada de conteúdo.

Entendendo assim que o papel da comunicação na criação de uma nova relação entre as pessoas e a natureza passa pela busca de solucionar a origem da doença – não apenas o sintoma. Assim, tais estratégias não estão exatamente na imagem mais bonita ou bem definida, na tecnologia de ponta ou no conteúdo do plano mais caro ou moderno. Mas, estão nas mensagens chave desenvolvidas pelo e para o fator humano.

Vamos para lugar nenhum se deixarmos as pessoas para trás. Vamos para lugar nenhum se priorizarmos buscar resultados imediatos diante do (r)estabelecimento da (re)conexão do ser humano com a natureza. Juntamente com isso, trazemos o ponto primordial da comunicação para a comunicação que tem como papel cuidar de critérios de objetivos e formas na construção emissor, meio/mensagem e receptor para atingir o objetivo de criar novos laços entre as pessoas e a natureza.

Reflexões para início de conversa.

Sem dúvida este é um processo colaborativo, participativo de muitas cabeças e mãos. O que vive em você quanto a estes pensamentos…? Vou adorar trocar.